Invenção de catarinense para lavouras de arroz se populariza como chupa cabra
A pedido dos produtores do Sul catarinense, engenheiro desenvolveu modelo de rodas que tornaram possível deslocamento de trator sem danificar o plantio.
O engenheiro mecânico Max Hélio Hemmer trabalhava na empresa do pai, que fazia peças para tratores, quando decidiu aceitar o desafio de diversos produtores de arroz: eles queriam um equipamento que permitisse que entrassem nas lavouras sem precisar descer do trator. Foi assim que nasceu o ‘chupa cabra’, como ficou conhecida invenção que projetou a empresa de Massaranduba para todo Brasil.
De acordo com o engenheiro, até 1995 o trabalho de preparação do solo e colheita de arroz era manual, mas por causa do lodo característico das lavouras, havia o risco de doenças, como infecções causadas por pequenos animais, além de problemas pulmonares. Por isso, os produtores que conheciam Max e a família constantemente sugeriam que eles desenvolvessem uma solução.
O empresário teve a ideia em 1995 e no ano seguinte ele desenvolveu um protótipo: rodas de grande diâmetro, mas espessura fina, para serem acopladas ao mini trator que a maioria dos produtores já tinha na propriedade. Elas permitiam que o produtor se deslocasse pela lavoura sem danificar o plantio.
“O protótipo foi circulando entre vários produtores para que eles pudessem testar. E eles foram dando sugestões para melhorar o produto. Foi um sucesso! E assim surgiu a Brasélio Tratores”, explica o empresário.
Conforme Hemmer, uma peculiaridade foi que os próprios produtores financiaram a ideia: “na época não existiam tantos financiamentos agrícolas, mas existia uma necessidade e os agricultores acreditaram nessa parceria de desenvolvimento”, comenta. A venda estava feita antes mesmo de existir um produto, segundo Hemmer.
A empresa foi fundada oficialmente em 1997 e ao criar o negócio Max também convidou a esposa, Aracy, que era professora de um colégio, para trabalhar com ele. “Convidei para trabalhar na parte administrativa e ela aceitou ser sócia e começar esse desafio”, conta.
De acordo com o empresário, os primeiros produtos foram as rodas, como implementos para serem acoplados ao mini trator.
“Pensamos em um equipamento que pudesse ter baixo custo e que tivesse um bom retorno ao cliente”, comenta o engenheiro.
A empresa começou terceirizando a produção das peças, fazendo apenas a montagem. Logo surgiu a ideia de desenvolver também o trator, e que fosse específico para a cultura do arroz.
“Precisávamos de um equipamento que mantivesse a máquina alta, para que o arroz passasse por baixo, e ao mesmo tempo o operador ficasse sobre o equipamento. Surgiu assim o trator com rodas estruturadas, de grandes diâmetros, que já nasceu ‘4 x 4’, operando em uma das piores situações dentro do setor agrícola, que é o lodo, e sem atolar”, afirma o engenheiro.
Assim que começaram a divulgar o produto, a máquina causou estranheza, mas logo se popularizou com um apelido que até hoje é conhecida: "chupa cabra".
"Chupa cabra"
De acordo com Hemmer, na época em que o trator foi desenvolvido, os meios de comunicação anunciavam o caso do "ET de Varginha", em que os moradores da cidade de Varginha, em Minas Gerais, relataram terem visto um "bicho estranho", que popularmente começou a ser chamado de "chupa-cabra".
“Nós começamos a divulgar o novo equipamento e as pessoas o chamavam de estranho, de grilo, sapo, e depois começaram a chamar de ‘chupa cabra’. Isso ajudou a popularizar a máquina em todo Brasil”, explica o empresário.
Após o sucesso do "chupa cabra", a empresa começou também a desenvolver outros produtos, para diversos tamanhos de propriedade, e se especializou em desenvolver soluções personalizadas. Conforme explica Hemmer, a partir do trator, o produtor pode adquirir implementos para acoplar nas diferentes etapas da produção.
Isso fez com que a empresa expandisse para todo Brasil, especialmente onde há plantações de arroz. Em novembro de 2007, a empresa montou ainda um setor de exportação e atualmente envia produtos para diversos países da América Latina, como Chile, Paraguai e Colômbia, e também para o continente Africano.
Ainda conforme Hemmer, depois de 21 anos, atualmente há outras empresas que desenvolvem produtos semelhantes, mas a inovação segue sendo característica da Brasélio.
“Costumo dizer que não temos concorrentes, temos seguidores, ou seja, empresas que hoje desenvolvem nossa ideia”, comenta o empresário.
Duas décadas depois da primeira invenção, Hemmer também comemora os resultados para os produtores de arroz, que ganharam mais qualidade de vida com sua invenção:
“Os produtores tinham vários tipos de complicações quando o trabalho era apenas manual. Gripes, feridas nas pernas e problemas na coluna por causa do deslocamento com equipamentos pesados dentro do logo. É comum hoje ouvir depoimentos como ‘se não tivesse essa máquina, hoje eu não plantaria mais arroz”, comemora o empresário, que já acompanha satisfeito a terceira geração, ou seja, os netos dos produtores que o financiaram, buscando novas tecnologias para o plantio.
1 Comentário
Muito criativa a ideia de se produzir esse implemento denominado Chupa Cabra.